Agenda liberal: por que o Liberalismo é mais eficiente
A ‘Agenda Liberal’, apresentada no ILBlog em segmentos sucessivos, estreou na última sexta-feira definindo ‘O que é o Liberalismo‘. A seguir, o segundo segmento.
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FRANCISCO LACOMBE*
POR QUE O LIBERALISMO É MAIS EFICIENTE PARA PROMOVER O DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
POR QUE O SETOR PÚBLICO É INEFICIENTE
O setor público sempre será menos eficiente do que o setor privado para promover o progresso. Os verdadeiros progressistas são os liberais. Existem muitas razões que levam a isto, entre outras:
- o tamanho da estrutura da administração pública e a forma como ela está organizada;
- a necessidade de acomodar as opiniões e o apoio de várias camadas representativas da população;
- a falta de continuidade administrativa;
- o Estado obeso, que além de ser caro, estimula a burocracia e a corrupção;
- o risco econômico menor e também interesse menor dos administradores públicos;
- a inexistência de relação entre os resultados alcançados e a receita obtida.
Estas e outras razões são intimamente interligadas, mas podemos analisá-las separadamente.
O TAMANHO DA ESTRUTURA DA ADMINISTRAÇÃO E SUA FORMA DE ORGANIZAÇÃO
Existem três formas de organizar uma estrutura administrativa: a organização funcional, a divisional e a matricial. A matricial praticamente não é usada na administração pública direta e nem é própria para ela, vamos analisar, portanto, as outras duas formas.
É fato bastante conhecido que as empresas pequenas, com atividades pouco diversificadas, estruturam-se segundo o critério funcional. Os principais executivos de cada área reportam-se ao principal executivo da empresa e têm o comando direto, em linha, de todas as atividades da função. Nas empresas, as áreas funcionais mais comuns são a de produção, a comercial, a administrativa e a financeira. Esta estrutura tende a tirar proveito da competência dos principais executivos de cada área e a reduzir custos nas organizações simples e pequenas.
Suas principais desvantagens são: (a) as dificuldades de coordenação e controle no topo; (b) a impossibilidade de avaliar os resultados de cada unidade de forma autônoma em virtude da íntima interligação entre elas; (c) a tendência de estanqueidade entre as áreas nas organizações maiores. É fato conhecido que este tipo de estrutura força a centralização do processo decisório pela interdependência dos objetivos e das atividades de cada área.
À medida que a empresa cresce e se diversifica, a organização funcional torna-se cada vez mais inadequada, pois as dificuldades de coordenação e de controle crescem consideravelmente. A empresa forma, então, centros de resultado, denominados divisões, responsáveis pelas suas receitas e despesas, os quais operam com relativa autonomia, descentralizando-se, assim, as decisões. O nível corporativo fica incumbido das políticas gerais e da coordenação dos centros de resultado.
Pode-se comparar esta organização ao modelo federativo, em que os estados e municípios seriam os centros de resultado. Há, porém, uma gritante diferença entre o modelo empresarial divisional e o da administração pública: nas empresas, o nível corporativo não opera, a não ser em raríssimos casos excepcionais em que a sinergia recomenda a centralização: efetua apenas o planejamento geral e o controle das divisões, além de elaborar as políticas e normas gerais. Na república federativa, o poder central opera em grande escala, executa uma infinidade de atividades, mas continua organizado segundo o modelo recomendado para as pequenas empresas. Obviamente, não pode ser eficiente.
Além disso, existe, ainda, a amplitude de supervisão, isto é, o número de subordinados diretos que um chefe pode ter mantendo a eficiência de gestão. Esse número varia consideravelmente conforme a facilidade de comunicação, as delegações estabelecidas, a competência dos subordinados e a variedade das suas atividades.
No caso do poder central na república federativa, a variedade das atividades é enorme e deveria diminuir a amplitude de supervisão, mas ocorre o contrário. Como poderia um presidente supervisionar e coordenar eficientemente mais de quarenta subordinados diretos em linha, fora os de assessoria? Não há a menor possibilidade de dar certo. O número de subordinados diretos nos níveis mais elevados das grandes empresas varia de cinco a dez. O presidente da república tem mais de quarenta subordinados em linha fora os assessores. É um completo absurdo.
Há ainda as atividades de representação e de manutenção da imagem: discursos, visitas, compromissos sociais etc. Um levantamento efetuado nos Estados Unidos verificou que os principais executivos das grandes empresas dedicavam 30% do seu tempo a essas atividades e 10% às viagens de ida e volta para o desempenho dessas ocupações, restando apenas 60% para as atividades de gestão da empresa. Na república federativa, a proporção de tempo reservada à gestão é certamente menor, pois as atividades de representação e de manutenção da imagem são mais absorventes. Isto torna a amplitude de supervisão ideal ainda menor, mas é muito maior!
Não devemos nos surpreender, portanto, quando se diz que o Brasil precisa de um choque de gestão. Com certeza, o melhor choque de gestão é a privatização. O que não puder ser privatizado deve ser delegado aos estados e municípios, seguindo o modelo das empresas privadas.