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Sobre o endividamento norte americano

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WAGNER VARGAS *

Nesta semana, os partidos Republicano e Democrata entraram em acordo findando, ao menos temporariamente, o risco de calote na dívida dos Estados Unidos. Apesar das desavenças entre os partidos sobre como lidar com a política fiscal do país— e isso ter gerado incertezas na economia mundial— não fazia muito sentido acreditar que a situação chegasse ao ponto do país decretar moratória, o que complicaria a situação de grandes credores do país como China, Japão, Bélgica, Suíça, demais exportadores de petróleo, e o Brasil que é terceiro maior credor norte americano, mantendo US$ 256 bilhões em títulos, de acordo com o Tesouro Americano. Isso sem contar que um calote causaria muita “emoção” no mercado financeiro mundial.

Ademais, o Departamento do Tesouro dos Estados Unidos apontou que, caso os EUA deixassem de pagar sua dívida, o mercado de crédito poderia congelar, o valor do dólar cair e as taxas de juros americanas dispararem— quase próximas a zero atualmente— levando a uma crise financeira e a uma recessão, que poderiam lembrar os piores episódios vividos em 2008.

Nos dias atuais, o endividamento norte americano já havia atingido seu limite em maio deste ano—U$16,669 Trilhões— o que fez o governo deles dispensar temporariamente 850 mil funcionários federais nos últimos 16 dias, por não ter caixa para remunerá-los. A despeito de ser pouco lógico acreditar num calote, este episódio acendeu um alerta vermelho no mercado mundial quanto a capacidade dos políticos costurarem um acordo para aumentar o teto, já que outra alternativa mais correta, como o corte de gastos, não seria mais possível nesta altura do campeonato. Ou seja, tudo isto fez com que essa brincadeira dos últimos dias tenha custado a bagatela de U$ 24 bilhões para o país, além de uma possível redução de 0.6 no crescimento trimestral, segundo a agência de classificação de risco Standard and Poor´s, que já havia reduzido o rating dos EUA de AAA  para AA+.

Vale lembrar que, por falta de funcionários, houve fechamento de parques e museus— impactando no turismo— milhares de pessoas deixaram de receber programas sociais, enquanto que o comércio ficou refém de contêineres presos nos portos. Para o Brasil, caso Republicanos e Democratas não chegassem num acordo poderia o custo do financiamento para bancos e empresas brasileiras poderia se tornar maior, ao menos as que necessitam captar dinheiro no exterior. Além disso, caso o dólar se valorizasse, ocorreria um aumento do preço dos importados, pressionando a inflação, o que faria o Banco Central aumentar ainda mais os juros para controlar os preços.

Ora, mas se as consequências são tão graves e isto venceu em maio, por que deixaram para aprovar o novo limite apenas no dia 17 passado, data limite para tal?

A situação não é tão simples quanto parece, já que, se de um lado Obama e os Democratas parecem deter o monopólio do “bom mocismo” com a intenção de promover um sistema de saúde e proteção para todos, os Republicanos vem alertando, com razão, que os EUA precisa cortar gastos e não pode ficar aumento sua dívida a todo instante, pois o Estado não cria riqueza do nada e alguém tem de pagar esta conta. Esta visão dos fatos faltou um pouco em alguns veículos da imprensa brasileira que, em sua maioria, limitaram-se a reproduzir a visão de jornais como o New York Times apenas, sem observar devido contexto, semelhante ao que é feito com a esquerda daqui, que tem uma dificuldade absurda de entender o que é escassez.

Os Republicanos vem discordando deste aumento da dívida desde 2010, quando o mundo vivia impasse semelhante ao ocorrido nos últimos 16 dias e arrisco dizer que, certamente, ocorrerá novamente depois de 07 de Fevereiro do ano que vem.

Criado em 1917 o teto da dívida foi um meio de evitar que o executivo exagere em seus gastos, mas de lá para cá, ele já foi aumento 104 vezes, tendo começado com o limite de U$ 11,5 bi, de modo atribuir as guerras malucas da doutrina Bush somadas a crença do governo Obama de que o estado tem o dever de salvar— como se o estado salvasse algo— a crise e continuar com as injeções bilionárias no mercado ao ímpeto desses aumentos.

Enfim, vale citar, que, por ora, as contas, os credores, o mercado, podem respirar com certo alívio. Porém, o que fica de lição é que Obama, o Lula deles, não detém monopólio de virtudes,—assim como o nosso também não, apesar de não enxergarem— conforme aludiu o presidente deste Instituto na veja Online.

Os gastos do governo deles, assim como os  do nosso, precisam ser cortados, já que o teto não pode ser aumentado para sempre, o tempo todo e que, quando se fala, em gastos públicos, existe algo essencial a ser levado em conta: a escassez, uma vez que o governo não fabrica dinheiro (lê-se riqueza), apesar de poder imprimi-lo (lê-se inflação).

* JORNALISTA

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