BERNARDO SANTORO*

Interessante reportagem do Estadão sobre um fenômeno recente de aumento da dívida das famílias mesmo com o aumento de juros. Normalmente, um aumento da taxa de juros retrai o consumo e incentiva a poupança, o que economistas mainstream reputam ser um bom remédio para conter a inflação.

O que estamos vendo, no entanto, é uma retração no consumo sem contenção da inflação e sem contenção da dívida das famílias, o que nos faz pensar estarmos vivenciando uma estagflação, que é a diminuição das atividades econômicas sem diminuição da inflação.

A inflação continuará tendo uma tendência de alta porque o governo continua a expandir o crédito por outras vias, como através de bancos públicos e aumento de créditos para servidores via consignação.

E a dívida das famílias continua aumentando, agora não porque estão consumindo, mas porque não conseguem pagar o que foi consumido anteriormente com pagamento em prestações, e essas prestações estão sendo renegociadas com juros mais altos.

A intervenção do Governo Dilma na economia para unilateralmente baixar os juros brasileiros quando não havia poupança interna disponível para tal feito deve causar efeitos ainda mais nefastos no futuro. Por ora, vamos aguardar para ver se o povo brasileiro vai conseguir para mais essa conta, tal como tem feito desde sempre.

*DIRETOR DO INSTITUTO LIBERAL