A esquerda, os pobres e o monopólio da virtude
A pseudoafeição entre muitos pregadores de doutrinas esquerdistas e os pobres, quando acompanhada de pensamentos protetores, representa um desmedido sentimento de supremacia.
Teses elaboradas sobre torres de marfim identificam o bem, o mal e inclusive pretendem, por vezes, consertar a sociedade. Travestem-se de discursos de perseguição, preconceitos e outras explorações que explicariam não apenas o mundo real e também teriam o condão de construir um melhor. Mas por haverem sido criadas no plano imaginário, distam e muito da realidade.
Nessa sociedade pensada na solidão de escrivaninhas, os pobres são sempre as vítimas de alguém que deles se aproveitou e, portanto, merecem ser protegidos. Necessitam de um pai, uma mãe ou qualquer um que deles se compadeça e os ampare.
Claro que aqueles que as defendem se vêm como salvadores e, por se julgarem em tal posição, os esquerdistas acreditam possuir o dever de proteger como crianças indefesas fosse, todo um grupo de imberbes adultos, inclusive, dizendo e determinando quais são as melhores escolhas que os outros devem tomar.
Decorre daí uma miríade de leis que apenas visa evitar que as pessoas decidam por si mesmas. Afinal, são coitados e incompetentes de escolherem os rumos das próprias vidas sem seus super-heróis.
Como humanos superdotados que são, se auto intitulam de arautos da virtude e não podem jamais sofrer contestação e, quando isso ocorre, certamente é devido à ausência de conhecimento alheio.
Se a confrontação ideológica parte da plebe ou das elites, o motivo é o mesmo: ambos são ignaros. Os primeiros por sua própria posição de inferioridade arquetípica e os demais por sua descarada maldade. Uns são coitados e outros o alvo do combate do bom.
São todos subalternos, pois a bondade só reside nas verdades que apenas os guerreiros do bem portam.
Santa arrogância! Medem a sociedade por sua própria régua e esquecem que o valor está no caráter e não nos trajes e andrajos com os quais as personas se revestem.