Histeria Seletiva
Batemos sempre na tecla da distorção da realidade histórica, típica da esquerda, e seu vitimismo sem paralelos. Na coluna da jornalista Mônica Bergamo, na Folha de São Paulo, encontro exemplo notório de toda essa sandice.
Ela registra que escolas públicas municipais de São Paulo – cujo prefeito é o malfadado petista Fernando Haddad – receberão livros e documentários, no que estão chamando de “kit de direito à memória e à verdade”, abordando o período de 21 anos do regime militar brasileiro. Nada novo, é claro; o tema é quase um fetiche de nossos barulhentos “militontos” socialistas e defensores dos “direitos humanos” (quase sempre, os direitos dos comunistas e bandidos). Nada surpreendente, também, que a coordenadora do projeto seja ninguém menos que a representante da Secretaria Municipal de Direitos Humanos (!), Carla Borges.
Não poderíamos tratar como absurda a difusão de material de análise sobre qualquer momento histórico – num primeiro momento, precisamos, mesmo contra todas as evidências pregressas, mesmo cientes de toda a “canalhice ideológica” que move os nossos atuais governantes, admitir a possibilidade de uma simples oferta de enriquecimento do saber. Porém, se temos esse tipo de gente no meio, cedo ou tarde eles denunciam sua verdadeira agenda, presente em todas as suas medidas. Notemos o discurso de Carla Borges, tal como referenciado pela jornalista: “os materiais didáticos tratam o tema de forma superficial ou enviesada, sob a ótica do regime”.
Diante de tão revoltantes e anacrônicas palavras – e eles ainda têm a audácia de nos acusar de anacronismo -, formulo um desafio a qualquer um que tenha feito sua educação formal nos últimos anos: ganha um pirulito quem tiver usado material didático que enaltecesse a ditadura dos generais! Aposto que ficarei sem resposta.
É inacreditável que alguém leve a sério um argumento tão deslocado da realidade. Essa nossa esquerda, posto que vazia de qualquer sentido em suas premissas, não sobrevive sem enxergar terríveis problemas onde estes simplesmente não existem; mais que isso: sem se colocar como a grande vítima de contextos nos quais é a franca favorecida.
Pois o que mais se vê em nossos colégios é justamente o contrário: qualquer ótica que santifique, por exemplo, os assassinos guerrilheiros, com seus “justiçamentos”, e que os faça parecerem bandeirantes da democracia, é valorizada nos recortes feitos por professores e por materiais didáticos. Mesmo que esses guerrilheiros e jovens inocentes tenham feito estágio na ilha de Fidel!
Fidel, aliás, que nos lembra de como essa histeria – característica dessa gente, enxergando opressão e “hegemonia neoliberal” em toda parte – o que quer dizer quase qualquer coisa, incluindo os “militares vendidos aos ianques” que, em sua maioria, de liberais de fato tinham muito pouco -, é seletiva. Sua ditadura está aí há muitos anos, muito mais tempo do que durou nosso regime militar – e promovendo muito mais doses de horror, diga-se de passagem. Está aí, soberana e influente sobre a América Latina, com nossa presidente afagando seu velho líder e fazendo construções duvidosas em seu território, enquanto padecemos dos efeitos trágicos de seu governo. Onde estão os kits com livros e documentários sobre a ditadura castro-comunista? Onde estão os kits com livros e documentários explicitando os horrores dos regimes totalitários socialistas?
Eis outro desafio a ser lançado: encontrem-nos, produzam-nos. Já são dois os meus desafios a essa esquerda iluminada, que não responderá, em sua incorrigível covardia. Covardia que os faz viverem de apontar os dedos para um passado caduco, enquanto afagam tiranetes e regimes de pesadelo que ainda são lamentáveis realidades. Covardia tradicionalmente leninista, que os orienta a seguir a máxima atribuída ao líder soviético: “acuse-os do que você faz, xingue-os do que você é”. Ainda que se discuta se ele de fato disse isso, seus atuais “herdeiros” são como ninguém mais, doutores na matéria.