Igualdade Social – Impossível, perigosa e maléfica
Muito se fala em igualdade social, mas raras são as vezes em que o olha pousa sobre às consequências nefastas de perseguir tal meta. Igualdade virou um sonho dos mais lindos na retórica excitada das esquerdas, contudo, sua aplicação resultou nos piores pesadelos vividos pela humanidade, pois enquanto muito eram iguais, tantos outros eram mais iguais que os demais.
A brutalidade desencadeada pela perseguição à igualdade sob a égide da “justiça social” é tamanha que levou (e ainda leva) civilizações ao colapso. Extermina as relações sociais baseadas nos “bons valores” e nutre uma imensa inveja e descomunal ódio de uma maioria travestida de diversas minorias contra àqueles que são considerados os culpados por todas as mazelas sociais, os bodes expiatórios confortavelmente criados para destituir os indivíduos da culpa pelas consequências dos próprios atos, mudando o nome de tempos em tempos: nobres, clero, senhor feudal, burguês, capitalista e, mais recente, a classe média.
A classe média possui tudo aquilo que desperta os piores sentimentos na esquerda: trabalho, crescimento financeiro e pessoal através do próprio esforço, mérito, mobilidade social que permite à um indivíduo ascender de classe sem a intervenção do Estado babá, etc. É a encarnação de tudo que a esquerda carnívora pretende “combater”, devorar, aniquilar…
Quando se busca igualdade e, obviamente, “justiça social”, coloca-se um falso interesse coletivo acima dos interesses individuais. Em outras palavras, procura-se aniquilar a essência do indivíduo, ou seja, a busca pela satisfação de suas necessidades individuais, em nome do coletivo, deslocando-o de sua condição de indivíduo para a de “massa”.
Deixamos de pensar por nós e passamos a pensar coletivamente, ou seja, em todos. Não interessam mais nossas vontades, desejos, anseios, interesses e necessidades, só as da massa. Anula-se a pessoa em nome do “bem maior” de “todos”. Um sonho bonito de se vender, mas impossível de se cumprir.
Todas as experiências de anular o indivíduo e gerar a igualdade na luta pela “justiça social” acabaram em abominações e terror. Os grandes exemplos continuam os mesmos: União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) e a China Maoísta.
Só entre 1933 e 1934 foram levados à morte 14,5 milhões de ucranianos, sendo a maioria destes através da fome propositalmente instaurada. Outros dois milhões (aproximadamente) foram executados por “crimes” como roubar uma batata, ou poucos grãos para subsistência. O caso ficou conhecido como o Holodomor Ucraniano e foi causado pelo regime comunista de Joseph Stalin na União Soviética.
Os ucranianos tinham uma forte identidade nacional e resistiam às coletivizações forçadas, com a desculpa da obtenção da “igualdade” e fim da “exploração” do proletariado. Contudo, nada causou maior exploração desses indivíduos do que o próprio regime que deles exigiu que fossem produzidos muito mais alimentos do que a capacidade que possuíam para tal (após a transformação das propriedades privadas agrícolas em fazendas estatais gigantescas), para abastecimento das principais cidades e centros urbanos da URSS. Stalin deseja quebrar a identidade nacional e destroçar a “humanidade” dos ucranianos para que fossem mais um povo oprimido e submisso.
Não foi considerada a impossibilidade do cálculo econômico em uma economia planificada, ou seja, a impossibilidade de se estabelecer uma relação entre oferta e demanda para alocar corretamente os recursos. Resumindo, não é possível ao Estado calcular quanto realmente deve ser produzido e de que maneira deve ser distribuído para que atenda à demanda existente, sendo esta também não é possível ao Estado calcular já que a ideia era de atender a “todos” como uma demanda coletiva e uniforme (inviável). Sem a possibilidade de precisar a demanda, a produção e a logística de distribuição para comercialização, não foi possível gerir eficientemente os recursos disponíveis, resultando em escassez para a esmagadora maioria, enquanto havia abundância para uma minoria pertencente ao “governo”. Como o Estado não é guiado pelo sistema de preços e pelo mecanismo de lucros e prejuízos este não conseguirá tomar uma decisão racionalmente, logo, produtos e serviços deixam de ser ofertados em locais onde há maior demanda por eles.
A oferta de produtos e serviços “gratuitos” (pagos pelos “contribuintes”) gera uma demanda infinita, sendo a oferta limitada o que se obtém é a escassez. Além disso, se não são os consumidores através da oferta e demanda que definem os preços, não há como saber o quanto é necessário investir, distribuir e comercializar (ou entregar “gratuitamente”) para atender à todos da melhor maneira possível, satisfazendo à todas as necessidades.
O Estado pensa: “devo enviar mais farinha para A ou Para B”, mas não consegue tomar a decisão racionalmente, pois não sabe qual a demanda nessas regiões pelo produto. Ao enviar para a região B por haver mais pessoas (por exemplo) o Estado terá que se perguntar “quanto devo enviar para que não falte farinha? Contudo, não saberá responder pela impossibilidade de se medir a demanda a alocar corretamente os recursos. Se a região tiver demanda menor por farinha do que o Estado chutou que teria, então haverá excesso, enquanto se a demanda for maior, haverá escassez, o que ocorreu em todas as tentativas de se aplicar o comunismo/socialismo. Ironicamente a máxima comunista/socialista de que “para que um receba mais, outro obrigatoriamente terá que receber menos” (como se a economia fosse um jogo de soma zero) é possível de ocorrer, porém somente no próprio sistema comunista/socialista.
Outro detalhe interessante é que como não há concorrência o Estado não precisa se preocupar em investir na qualidade de produtos e serviços, pois é o único fornecedor/prestador, logo, além da escassez há também a baixa qualidade dos mesmos. Além de haver menos do que o necessário, ou mais, porém pessimamente alocado, os produtos e serviços disponíveis são ruins. Coloque essa realidade para a área de saúde e/ou alimentação e terá desnutrição, fome e mortes que poderiam ser evitadas se a saúde fosse melhor. Coloque na educação e terá um povo alienado, manipulável e ignorante.
Essas distorções criam os conflitos de classes, pois uns (do Estado e elites por ele criadas e mantidas) terão tudo enquanto os demais (o povo) não terão nada. Mias uma vez, ironicamente, o que os esquerdistas dizem se próprio do capitalismo só ocorre no sistema comunista/socialista.
Voltando à URSS! A pobreza foi socializada à população, enquanto surgiu uma elite estatal poderosa e abastada, mais exploradora e com recursos bem maiores que os bodes expiatórios (burgueses, ou Kulaks no caso dos “grandes” fazendeiros, sendo que qualquer um que tivesse 1 metro de terra para cultivo começou a ser considerado um Kulak).
Na China Maoísta ocorreu quase o mesmo, porém, a coletivização e tentativa de desenvolver forçadamente a indústria, só entre 1958 e 1962, mataram 45 milhões de chineses, de acordo com documentos do próprio Partido Comunista Chinês (PCC), através de um “plano” conhecido como “O Grande Salto em Frente”, cujo slogan era “superar a Inglaterra em 15 anos”, pois esta era a maior potência industrial na época. No entanto, o ditador chinês Mao Tsé-tung não considerou a realidade que o desenvolvimento econômico não é controlável ao bel prazer do Estado, ou seja, não é possível efetuar o cálculo econômico na economia planificada, tão pouco jogar de um lado para outro e manipulá-la como bem entender.
Também não considerou o caminho trilhado pela Inglaterra até se tornar a maior potência industrial daquela época. Em seu devaneio narcisista acho que realmente era capaz de forçar a China a virar uma Inglaterra mais rica e desenvolvida com um plano de 15 anos que durou apenas quatro anos e resultou na miséria do povo e institucionalização da fome. Os alimentos, inclusive, foram utilizados como arma do Estado para exterminar todos aos quais considerassem inimigos da “causa”.
Como havia lhes dito, não só não houve igualdade como uns tornaram-se mais iguais que outros. Saiu-se da desigualdade relativa par a miséria absoluta. Sim, pois a desigualdade não é por si ruim. Se eu ganho R$1 mil ao mês e meu vizinho ganha R$1.001, logo, há R$1 de desigualdade entre nós, contudo, não será a desigualdade que me causará qualquer mal. Se eu ganhar R$100 mil e meu vizinho R$725 a desigualdade é muito maior, mas tudo dependerá de como cada um de nós fará a gestão desse dinheiro. Ora, eu posso ganhar R$100 mil e torrar R$120 mil, ficando em pouco tempo na miséria, enquanto ele pode arrumar um meio de gerir melhor os R$725 que ganha, investindo parte deles em qualificação profissional, por exemplo, ou poderá não investir nada, só gerir eficientemente para própria subsistência e aproveitar planos de carreira, cursos gratuitos, entre outros, como meio de melhorar a qualidade de sua mão de obra, valorizando-a e obtendo maior renda no longo prazo.
Portanto, é importante salientar que enquanto a desigualdade é relativa e não causa danos, a maneira como gerimos nossos recursos (profissionais, financeiros, materiais, etc) podem nos levar à miséria, sendo esta absoluta e causadora das mazelas sociais como a fome, falta de acesso à itens básicos de higiene e limpeza, precarização das moradias, etc.
Mas em uma sociedade livre, sem a perseguição da “igualdade” e da “justiça social”, onde os indivíduos podem empreender e buscar a ascensão profissional, pessoal, social e financeira através do próprio esforço, mérito e trabalho duro, há a possibilidade da mobilidade social entre as classes, ou seja, um pobre pode se tornar um rico, ou no mínimo da classe média, melhorando sua vida e de sua família, assim como um rico ou indivíduo de classe média pode gerir mal os próprios recursos e chegar à miséria. Tudo dependerá apenas do próprio indivíduo, sendo este responsável pelas consequências de suas escolhas e ações.
Já tentativa de se criar uma sociedade “socialmente justa”, “livre” e “igualitária”, surgiu uma elite estatal abastada, enquanto o povo sofreu na miséria, sem a possibilidade da mobilidade social (a não ser que entre para o partido e obtenha posição de respeito, o que é para pouquíssimos). Esta é uma sociedade estamental, onde os miseráveis são mantidos nessa condição, enquanto os governantes enriquecem ilicitamente, sem a possibilidade de mudança desse cenário. Por fim, na busca incessante e burra pela “igualdade”, houve a maior desigualdade da história, a miséria absoluta, a perda da identidade e liberdade individual e o colapso social, com milhões de vidas desperdiçadas em nome de uma utopia diabólica que no papel e discursos inflamados de seus adoradores traveste-se de oitava maravilha do mundo, mas na prática é o pior pesadelo que os seres humanos já tiveram e o maior terror que já vivenciaram.
A única igualdade benéfica que deve existir e ser preservada é a igualdade de todos os indivíduos perante a “Lei” (que deve ser justa e igual para todos). Esta é justamente a igualdade atacada pela esquerda que deseja sempre que sua mascote preferida: a(s) minoria(s) oprimida(s) sejam mais igual que os demais. Nesse cenário, ser igual perante a Lei, sendo está injusta e desigual, acaba sendo maléfico para o indivíduo.