Maduro vai à guerra

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“Tudo o que aqueles que pretendem destruir as liberdades de uma nação democrática precisam saber é que a guerra é o caminho mais curto e efetivo para conseguir isso”.  Alexis de Tocqueville

A estratégia é antiga.  Tiranos enfraquecidos e sem respaldo popular precisam ardentemente de um inimigo externo para unir o país ao seu redor e sustentá-lo no poder.  É o que está acontecendo atualmente na Venezuela, do celerado Nicolás Maduro.

O inimigo virtual, representado pelo imperialismo ianque, já não é mais suficiente.  Com a situação econômica e política se deteriorando, Maduro tem urgência de arranjar um inimigo real que, de preferência, leve o país às armas, pois não há nada mais eficiente para calar a oposição e unir um povo em torno de um líder do que o apelo ao patriotismo e o ódio coletivo a um inimigo comum.

Desde o início do ano, Maduro tem ensaiado sua tática.  Primeiro, voltou suas baterias contra a pequena Guiana, vizinho com o qual a Venezuela tem uma disputa antiga em torno do Território de Essequibo, já devidamente arbitrada por organismos internacionais.  Após a Exxon ter descoberto naquela área uma grande reserva de petróleo, Maduro editou um decreto alterando arbitrariamente as fronteiras.  Depois, num jogo de cena digno de tiranetes demagogos, correu para “pedir” a intervenção da ONU.

Parece, entretanto, que a pequenina Guiana não preenche todos requisitos para tornar-se o grande inimigo de que Maduro precisa.  Então, na última quinta feira, mandou fechar a fronteira com a Colômbia, no Estado de Táchira, ao mesmo tempo em que deportou cerca de oitocentos cidadãos colombianos, acusados de tráfico (embora fossem comerciantes de produtos regulares), muitos dos quais moravam na Venezuela havia anos.

Secretário-executivo da principal coalizão opositora venezuelana, a Mesa de Unidade Democrática (MUD), Jesús Chúo Torrealba questionou os motivos para a aplicação do estado de exceção e acertou na mosca os motivos de Maduro:

Chama a atenção por que o governo agora, a partir desta situação, arma todo esse escândalo. É lamentável e condenável, mas faz parte do cenário normal do que acontece nesta Venezuela. Esta medida não é para prevenir, é para criar e promover uma emergência. Estão buscando uma situação de conflito intenso para dizer que há um estado de confusão interna e dificultar a realização das eleições legislativas. É o fundo de todo o assunto: o medo das parlamentares, porque sabem que vão perder.”

A mesma opinião tem a professora Elsa Cardozo, da Universidade Central da Venezuela (UCV). Para ela, o estremecimento das relações entre Caracas e Bogotá tem “claramente um objetivo eleitoral, em momentos em que a crise do país se torna cada vez mais grave”.

Aguardemos os próximos lances de Maduro e sua turba, bem como o apoio incondicional dos bolivarianos brasileiros, digo, do governo petista.

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João Luiz Mauad

João Luiz Mauad

João Luiz Mauad é administrador de empresas formado pela FGV-RJ, profissional liberal (consultor de empresas) e diretor do Instituto Liberal. Escreve para vários periódicos como os jornais O Globo, Zero Hora e Gazeta do Povo.

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