Manifestações “populares” do PT? Zeca Pagodinho explica

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"Grande" manifestação pró-Dilma perturba o trânsito do trabalhador em Salvador (Créditos: Pérsio Menezes)
“Grande” manifestação pró-Dilma perturba o trânsito do trabalhador em Salvador (Créditos: Pérsio Menezes)

Depois das retumbantes manifestações de 16 de agosto, as terceiras de grande expressão contra o governo federal desde março, alguns movimentos importantes aconteceram no cenário político brasileiro. O primeiro deles foi a “destucanização” dos tucanos. Há poucos dias, fui duríssimo com Fernando Henrique, depois de suas declarações estapafúrdias chamando Dilma de “honrada” e Lula de “símbolo”. Talvez eu tenha errado – mas não sozinho – em crer que o estadista do Plano Real nada mais faria de importante na história. Pois aparentemente foi sob sua orientação que os tucanos resolveram afinar o tom e, empurrados – antes tarde do que nunca – pelo clamor popular, alinharam-se para combater o governo. Em nota conjunta, os partidos de oposição declararam que trabalharão juntos, tanto em caso de cassação da chapa eleita para a presidência, quanto em casos de impeachment e renúncia, por entenderem que o governo não tem mais condições de nos tirar do buraco. Para bom entendedor, o recado é claro.

O segundo movimento importante foi a denúncia contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, pelo procurador Rodrigo Janot, da qual também foi alvo o senador Fernando Collor. Cunha havia acabado de presidir a seção em que a Câmara confirmou, em segundo turno, a redução da maioridade penal para certa ordem de crimes hediondos, a ser ainda avaliada pelo Senado. Naturalmente ainda mais irritado, Eduardo Cunha sem dúvidas tentará deixar um estrago no coração do governo antes de ser, quem sabe, a seu turno, derrubado.

Finalmente, o terceiro tema a ser mencionado foram as “fabulosas” manifestações de 20 de agosto, convocadas pelo PT e por movimentos de esquerda e sindicatos como uma resposta ao 16 de agosto, num misto de apoio ao governo, “pela democracia” e “contra o golpe” tramado para derrubar Dilma (sic), mas também com certa dose de crítica às suas medidas desesperadas de ajuste fiscal – porque nem manifesto a favor desse desgoverno consegue ser tão a favor assim. Com movimento razoável no Rio e em São Paulo durante o começo da noite – ainda assim, extremamente medíocre em comparação ao que ocorreu no domingo anterior -, o movimento foi absolutamente inexpressivo no país inteiro. Pequenas manifestações de poucas centenas em apenas alguns estados. As imagens não deixarão mentir – por mais que institutos mal-intencionados possam querer “inflar” os números. Tudo nessas manifestações era totalmente patético, carregando o DNA da vergonha que acompanha o lulopetismo que as engendra. Até os bonecos de Aécio e Cunha que vimos em algumas fotografias são de quinta categoria perto do nosso ídolo-sensação, o Lula inflado que abalou em Brasília!

Não é a primeira vez. Pouco depois dos outros protestos anti-PT, a esquerda radical, e o PT especificamente, também tentaram responder ao que consideraram manifestações “conservadoras” e “neoliberais” intoleráveis. Intentaram, sempre dessa forma destrambelhada e miserável, desqualificar o caráter expressivo e popular dos protestos em verde e amarelo contra o governo. Em reação ao mar de cores brasileiras, porém, apresentam apenas, como diria Lula, “marolinhas” vermelhas. Perguntamos o que poderia haver de mais democrático que os três atos, sempre aos domingos, em que todo o exército de “coxinhas” sai às ruas de graça para externar sua indignação. No entanto, para os militantes petistas, democrático só é aquilo que contempla as suas agendas. Por isso, mesmo contando com apenas um dígito de aprovação, acreditam que “democráticos” e “populares”, mesmo, são os atos deste dia 20, essa provocação, esse achincalhe com a população, em que milhares de pessoas são tachadas de golpistas, intolerantes e autoritárias, ao meramente reagirem diante dos vermes que empesteiam e devoram a nação.

Ao olhar para essas pessoas que saíram às ruas na quinta-feira, porém, o que vemos? Militantes vindo em ônibus fretados – o dinheiro para financiar isso, como o dinheiro para financiar espetáculos vexatórios como a “marcha das margaridas”, você pode adivinhar de onde vem -, alguns, a julgar por outras manifestações, recebendo os seus trocados, ou o seu pão com mortadela, em troca do qual vendem o seu país. Bandeiras de centrais sindicais, da CUT, de “movimentos sociais”. Onde é que está o “povo brasileiro”? Isso é povo? Ou, como acreditamos, o povo de verdade está suando, trabalhando nessa quinta-feira em que os pelegos promoveram sua bandalheira – até mesmo vindo em “meia dúzia de gatos pingados” perturbar o trânsito de grandes cidades? Sim, porque, afinal, alguém precisa sustentar o país enquanto a corja vermelha (e, justiça seja feita, a quadrilha “fisiológica” que também compõe o governo) o assalta.

Procurando o povo em manifestações pró-PT em 2015, preciso fazer uso de um filósofo nacional: o simpático sambista e pagodeiro Zeca Pagodinho – que infelizmente já manifestou apoio ao PT diversas vezes, o que não vem ao caso agora. Em um de seus sucessos musicais, em que ele faz referência engraçada ao “caviar”, referindo-se a ele como “comida de rico”, Zeca canta: “nunca vi, nem comi, eu só ouço falar”. Manifestação popular do PT é a mesma coisa. Nunca vi, nem comi, só ouço falar. Manifestação de pelego e pequenos grupos mobilizados, sim. E lá, se não tem caviar, se come é pão com mortadela. Enquanto os ratos vão comendo a bandeira nacional.

 

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Lucas Berlanza

Lucas Berlanza

Jornalista formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), colunista e presidente do Instituto Liberal, membro refundador da Sociedade Tocqueville, sócio honorário do Instituto Libercracia, fundador e ex-editor do site Boletim da Liberdade e autor, co-autor e/ou organizador de 10 livros.

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