Ninguém gosta de pagar imposto.

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Muito menos os comunistas.  Embora esses últimos adorem cobrá-los, detestam pagar, como todo mundo.  Segue trecho de matéria extensa, publicada hoje no GLOBO.

Familiares de dirigentes do alto escalão do governo chinês – incluídos o atual presidente, Xi Jinping, e os ex-primeiros-ministros Wen Jiabao e Li Peng fazem uso maciço de um paraíso fiscal no Caribe. A informação foi revelada terça-feira por um grupo de meios de comunicação (“El País”, “Guardian”, BBC, “Le Monde”, “Süddeutsche Zeitung” e “Asahi Shimbun”), com base em documentos fornecidos pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ). Ao menos 13 parentes próximos da cúpula do governo chinês mantêm grande atividade nas Ilhas Virgens Britânicas, além de 15 grandes empresários e grandes companhias estatais.

 

Os registros foram descobertos a partir de mais de dois milhões de arquivos de duas administradoras (Portcullis TrustNet e Commonwealth Trust) que operam nas Ilhas Virgens Britânicas. A opção pelo arquipélago onde vivem apenas 27 mil habitantes, diz a reportagem publicada terça-feira pelos meios citados, não surpreende: as ilhas caribenhas eram o segundo investidor direto da China em 2010 – atrás apenas de Hong Kong.  As Ilhas Virgens Britânicas contam com mais de um milhão de sociedades inscritas, e 40% delas procedem de China, Hong Kong e Cingapura.

 

Os dados revelam como nos últimos anos a abertura da economia chinesa enriqueceu de forma imensurável um setor privilegiado da população, graças a sua proximidade do poder. Vários integrantes da elite comunista abriram sociedades offshore às custas das fortunas feitas à sombra do regime chinês.

 

Os familiares dos dirigentes comunistas, diz a reportagem, aproveitaram a conivência fiscal das Ilhas Virgens Britânicas para enviar dinheiro fora dos circuitos convencionais. Para isso, criavam empresas próprias ou usavam participações em empresas já constituídas.

 

O esquema permitia aos integrantes das mais altas linhagens comunistas ocultar bens e dinheiro do controle oficial e, inclusive, beneficiar-se dos privilégios fiscais de Pequim a investidores estrangeiros. Nos moldes da lei, a China limita o movimento de capital ao exterior em US$ 50 mil por habitante, por ano.

 

A notícia acima é a maior prova de que, se existe uma luta de classes no mundo, ela se dá entre governantes e governados, expropriadores e expropriados.

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João Luiz Mauad

João Luiz Mauad

João Luiz Mauad é administrador de empresas formado pela FGV-RJ, profissional liberal (consultor de empresas) e diretor do Instituto Liberal. Escreve para vários periódicos como os jornais O Globo, Zero Hora e Gazeta do Povo.

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