O desespero da esquerda diante de um dia histórico
Ontem foi um dia histórico e sensacional, milhões de pessoas nas ruas em todo o Brasil deixaram claro que é inaceitável que um Projeto Corrupto de Poder seja institucionalizado por nenhum partido.
O governo Dilma está diante de um fim antecipado, independente de quanto tempo ela fique como presidente. Um governante se sustenta em apoios. E ontem ficou evidente que nem ela, e nem o PT, tem suficientes para continuar governando. As ruas mostraram que os 7%, ou menos, de apoio popular das pesquisas não são uma invenção. Sua rejeição é a maior desde Fernando Collor.
Hoje, o projeto de esquerda se encontra sem base parlamentar, sem grande apoio popular, sem um partido que os una e os sustente e, principalmente, colhe as conseqüências de uma devastadora crise econômica produzida por sua política estatizadora e nacional-desenvolvimentista. Só lhes restou desqualificar a ação da maioria da população do dia 13 de Março.
Assumindo a posição de progressistas, iluminados e únicos detentores da vontade popular, a esquerda nacional tenta rotular brasileiros de reacionários que “precisam estudar história”. O curioso deste argumento é a própria ignorância quanto à história nacional e seus agentes. A esquerda assume a postura de quem está revivendo o ano de 1964 e supostamente denuncia “fascismo” e “golpismos”. Que ilusão! O que realmente está acontecendo é uma tentativa de proclamar a República, retirando o Brasil das mãos de uma oligarquia corrupta e perniciosa que lentamente foi destruindo os poderes, resumiu as instituições democráticas a um único organismo submisso ao partido no poder, ou seja, um projeto corrupto de poder – como disse o Min. Celso de Mello.
Neste cenário, há aqueles que posam de “isentões” e tentam instrumentalizar a opinião pública com “o Temer vai assumir; Cunha será o vice-presidente de fato; o Brasil precisa de uma reforma política”. Eles prestam um desserviço ao país, buscando escravizá-lo em uma paralisia. Para esse grupelho ninguém presta, ou os poderes corruptos são fortes demais, ou, ainda, somos todos corruptos. O único objetivo foi fazer que o povo brasileiro não saísse às ruas; que o jogo político real não fosse jogado pela maioria da população. Por quê? Porque a esquerda compreende a população, não como indivíduos, mas como massa que deve ser manobrada em torno de um ideal impossível. Um maquiavelismo que já denunciei por aqui.
Ninguém apóia Temer ou Cunha. Os movimentos de rua têm inúmeras propostas, todavia, mesmo que não tivéssemos nada além do ”Fora Dilma” e do ”Fora PT”, já teríamos muito para melhorar o Brasil. O que os isentões não compreendem é que apenas a possibilidade da queda da Presidente Dilma já desempenha uma grande mudança no Brasil: nossas empresas estatais melhoram, nossa capacidade de empregar aumenta e nosso poder de compra se amplia, que dirá se ela cair de verdade. Tudo prospera em nome de um projeto de futuro que seja o oposto daquilo que PT, PMDB, PCdoB e outros podem oferecer.
Nem mesmo o PSDB pode, se quiser honrar o nome de social-democrata, oferecer a saída “macriana” – em alusão ao presidente da Argentina Maurício Macri – da crise. E justamente por isso, que a falácia do “se não é PT, então PSDB” – muito explorada na tentativa de desarticular e deslegitimar o movimento popular é aquela balela. Nada pode ser tão mentiroso e desonesto. Isto ficou comprovado com a reação a Aécio Neves e Geraldo Alckmin. O que aquelas vaias significam, ao contrário de avaliações que dizem que as ruas “são contra tudo”, é um projeto que total e completamente diverso daquilo que o marxismo reformado de Bernstein pode oferecer. Se dúvidas pairavam sobre quaisquer observadores políticos, as vaias provaram seu ponto.
Sobre a corrupção, não tenho dúvidas que existem muitos corruptos nesse país – de direita, de esquerda e de centro, se é que esses rótulos fazem algum sentido. O foco do brasileiro, ontem, foi enfrentar o maior escândalo de corrupção do mundo e combater o partido que protagonizou a tentativa de por fim à democracia. O PT que protagonizou ambas as ações, usando a máquina pública federal e o dinheiro dos pagadores de impostos para seus interesses sujos.
Evidentemente, que para desqualificar se usa de tudo. Desde abordar o mérito da corrupção moral do “povo” até abordar a suposta composição étnica do protestos. Sobre o primeiro basta uma análise de senso das proporções para pôr fim as intenções dos adversários dos indivíduos nas ruas. Neste contexto de imoralidades há uma diferença tremenda entre o desvio moralidade de, sendo homem, não dar o assento para uma mulher e a imoralidade que lança todo o Brasil em uma espiral de miséria, desemprega, rouba a liberdade de expressão, corrompe a democracia, a relação entre os poderes da república, e, por último, destrói por completo a Liberdade e a Justiça, para nós e para as próximas gerações. E, sobre composição étnica, mesmo que 100% das pessoas que estavam nos protestos fossem brancas, em uma população com apenas 7% de negros, e tenham renda familiar acima de quinze mil reais, elas continuam tendo o legítimo direito à manifestação, expressão e exercício de sua liberdade.
Portanto, se existe algo que ninguém pode contestar e a esquerda não pode relativizar é que foram as maiores manifestações públicas de descontentamento, de busca por mudança e de um novo projeto de nação que o Brasil jamais teve. E as ideias da liberdade tiveram grande responsabilidade em despertar o Brasil e iluminar um futuro possível nas densas trevas dos quase 14 anos de governo do partido dos trabalhadores.