O marxismo sob o crivo do método científico

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*José Mauro Lopes Sena

 

Nas ciências sociais, a maior parte dos debates sobre o marxismo e qualquer coisa que o valha vai do nada a lugar nenhum, fundamentado sob a pretensa historicidade do materialismo dialético e com grandes pitacas de subjetivismo. Nesse intuito, proponho uma abordagem pouco usual nesses debates, já velha conhecida das ciências frias e objetivas: o método científico.

Dentre tantas proposições marxistas, uma das mais populares é a mais-valia. Karl Marx afirmou que há uma diferença entre a riqueza que o trabalhador produz e o seu salário e que o reembolso dessa diferença pelo patrão, o lucro, constitui uma exploração.  A primeira premissa é verdadeira, o lucro do empresário está na diferença entre a riqueza que é produzida no processo e todos os seus gastos: salários, impostos, logística, etc. No entanto, a segunda premissa, a da exploração, é falsa, pelo significado imoral e vitimista que é dado a essa palavra pelos marxistas.

Em uma sociedade capitalista, no qual o homem deve prover seus próprios recursos segundo suas capacidades, insinuar injustiça no fato de haver homens que geram emprego e homens que de livre vontade e para satisfazerem suas próprias necessidades trabalham sem coerção é uma falácia de apelo emocional. No entanto, os marxistas são ferrenhos ao considerarem a mais-valia como imoral, ao mesmo tempo em que questionam toda moralidade com sua dialética.

A contradição evidente, a perspectiva emocional que é dada aos fatos materiais, é a essência do materialismo histórico-dialético. Não trata a realidade objetiva, mas tenta tornar subjetivo todos os fatos. A mais-valia, a luta de classes e em geral as ciências ditas sociais não passam pelo crivo do método científico.

Enquanto Marx propõe a luta de classes e a alternância nos modos de produção como propulsora das mudanças sociais, o individualismo propõe apenas que os indivíduos têm interesses e agem segundo eles para satisfazerem suas necessidades. Qual dessas explicações é mais simples? Qual deles melhor representa a realidade?

Um dos princípios fundamentais do método científico que pode nos dar essas respostas é a Navalha de Ockham. A Navalha de Ockham serve para “cortar” as explicações falaciosas tendo como critério de corte valorizar apenas as premissas estritamente necessárias à explicação do fenômeno. Sob esse fio de corte, podemos concluir que é a ação do indivíduo e não de um “coletivo” que propulsiona as mudanças sociais. O individualismo sobrevive ao método científico, enquanto o marxismo é moribundo.

Como consequência disso, se a sociedade é culturalmente marxista não o é por ele ser o modelo mais correto, no entanto por defender os interesses dos indivíduos nesse conjunto social. Mas qual é o interesse desses indivíduos? Pela cartilha revolucionária, o interesse é desapropriar quem produz para distribuir de maneira igualitária, ou melhor, segundo os interesses dos distribuidores.

Certa vez ouvi dizer que “a pior ambição de um homem é desejar colher pela vida inteira os frutos daquilo que ele nunca plantou”. Aquele que planta deve ser imolado.  É uma filosofia de empobrecimento coletivo que se contrapõe a riqueza individual. Vestidos com palavras que soam como interesses superiores aos dos reles egoístas que têm ideias de negócio e fazem que esse negócio aconteça, demonizam a ordem produtiva, porque acreditam em outras riquezas, que não as que provem do capital. Esquecem que o capital é um meio, mas não uma riqueza propriamente dita.

Nenhuma riqueza é real fora do setor produtivo, do trabalho duro. O governo pode imprimir notas de cem, mas não produz nada, de fato. O único lastro autêntico não é o ouro, mas o produto do trabalho de homens, motivados por seus interesses pessoais. Quanto mais escasso esse produto, quanto maior sua demanda, mais depende a sociedade do detentor dessa riqueza e por isso paga-lhe o preço.

*José Mauro Lopes Sena, Coordenador do grupo Diamantes da Liberdade (EPL de Diamantina/MG)

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Um comentário em “O marxismo sob o crivo do método científico

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    09/03/2014 em 9:39 pm
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    Brilhante o texto, por ser direto, simples e objetivo.

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