As mulheres e o mercado: a questão é de gênero ou de eficiência?
Em 1937, Ronald Coase, Professor de Chicago e Laureado com o Nobel de Economia, publicou seu artigo “The Nature of The Firm”. Em um breve resumo, Coase demonstra que as pessoas se organizam em firmas para reduzir os custos de transação. Ora, seria muito mais caro realizar uma infinidade de contratos individuais no mercado, do que organizar uma empresa para realizar – ao menos – a maioria das atividades. Além disso, a firma deveria promover eficiência. Para fins deste artigo, acredito que essas ideias bastam.
Pois bem. Muitos anos se passaram após o artigo do grande Mestre. Dentre as mudanças, há o ingresso das mulheres no mercado de trabalho que vêm, gradativamente, alçando posições cada vez mais altas na cúpula das empresas. No entanto, até hoje, diversas mulheres ganham menos do que os homens. É justo? Isso faz sentido?
Do ponto de vista econômico mais simples, fazendo uma conta de padaria, mulheres engravidam e têm licença maternidade, e, no caso brasileiro, uma estabilidade. Sendo assim, há um risco de incremento no custo com a contratação de uma mulher, ao invés de um homem. Com isso, seriam justificados salários menores para as mulheres. Todavia, será que essas são, realmente, as grandes questões? Mais, os homens seriam intrinsecamente mais eficientes do que as mulheres?
Em resposta ao parágrafo anterior, volto a Coase. Seu pressuposto, de forma bem rasteira, baseava-se na organização da Firma para: (i) reduzir os custos de transação; e, (ii) promover eficiência. Para o tema em análise, acredito que o ponto fundamental é a questão da eficiência.
De modo a administrar uma Firma com eficiência, o empreendedor deve valorizar os profissionais mais eficientes. São absolutamente irrelevante debates sobre gênero, raça ou qualquer outra condição biológica e/ou cultural. Empresários que buscam incrementar seus negócios precisam “mudar o disco”. Por sua vez, mulheres devem fazer exatamente o mesmo.
Não adianta bradar que se ganha menos do que os homens. Esse é o discurso que não interessa ao indivíduo. Toda vez que o ser humano – frise-se, homens e mulheres – resolvem defender seus interesses com base em conceitos coletivistas, os mais ineptos e incompetentes se beneficiam muito mais do que as pessoas, que, efetivamente, merecem um tratamento especial.
Vejam, por exemplo, os sindicatos. Um bom exemplo; pois, literalmente, incluem todos “no mesmo saco”. O discurso de que se ganha menos por ser mulher – num formato coletivista – deixa o empresário em xeque e impede que as melhores sejam reconhecidas e remuneradas como tal.
Novamente, é notório que a estratégia do grupo, calcada em conflitos, não atende aos interesses dos indivíduos. No caso dos sindicatos – com forte influência marxista –, eles se baseiam na luta de classes. Com relação às mulheres, a ideia é do “nós contra eles”.
Sinceramente, temos de reconhecer que o mundo mudou. Mas, não devemos buscar os modelos do passado. O conflito de gêneros não vai ajudar a que as mulheres mais eficientes sejam reconhecidas pelas suas virtudes. Ao revés, auxiliará que as mulheres medíocres ou medianas ganhem uma migalha a mais. Será que é isso que as profissionais trabalhadoras, eficientes, batalhadoras e competentes querem mesmo? Deixo a pergunta no ar.
O viés favorecendo homens no mercado de trabalho tem muito mais razões de ser além do (i) custo adicional da licena maternidade, ou (iii) da ‘eficiência’.
Vamos tratar com dados: no mundo acadêmico, para aprovar projetos de financiamentos volumosos (grandes grants) ou tornarem-se professores permanentes, as mulheres precisam publicar em média 3 vezes mais do que os homens: http://www.nature.com/scitable/content/does-gender-matter-by-ben-a-barres-10602856
Dizer que não existe um viés de gênero (que é cultural) no trato com homens e mulheres em suas carreiras – principalmente quando falamos em altos cargos e carreiras nos campos da tecnologia – é ser maldoso ou muito ingênuo.
Sobre a questão da licença maternidade representar um custo adicional: a inventividade individual e produtividade podem ser muito mais valorosas à uma empresa do que a economia de uns trocados devido à licença maternidade. Empresas e países de sucesso obviamente já incluem essas variáveis nas suas métricas de avaliação de custos e lucros.
Essa luta é, na verdade, uma adaptação da luta de classes: proletários versus capital ficou soterrada pela poeira do tempo… É a esquerda atiçando os setores da sociedade uns contra os outros.
Mas, aproveitando esse espaço, há uma questão sobre a qual nunca se fala: estatisticamente, os homens morrem mais cedo que as mulheres; no entanto, conforme a legislação, a idade para a aposentadoria masculina é cinco anos mais tarde que a para as mulheres. Não é uma megainjustiça?
Não achei pertinente a colocação da diferença de eficiência entre as mulheres como fator contrário à diferença salarial entre homens e mulheres. Como Liberal acredito que todos devem ter direitos iguais perante a lei, independente de etnia, credo ou gênero. Nesse Contexto, Se os benefícios das mulheres se estendessem aos homens dando o mesmo tempo para licenças maternidade e paternidade por exemplo, Mais Pais seriam responsáveis em ajudar as mulheres no difícil período pós parto, e a questão da diferença salarial seria gradativamente resolvida, pois homens e mulheres teriam a mesma relação custo benefício para o empregador.