Primeiro trimestre de 2016: o desastre continua

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Foram divulgadas as contas nacionais referentes ao primeiro trimestre de 2016 (linkaqui), um bom resumo dos resultados seria: o desastre continua. O PIB continua em queda, na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior é a oitava queda seguida, isso mesmo, a última vez que o PIB de um trimestre cresceu em relação ao mesmo trimestre do ano anterior foi no primeiro semestre de 2014. A figura abaixo mostra a variação do PIB de um trimestre em relação ao mesmo trimestre do ano anterior desde 1996, é fácil ver que desde lá é a primeira vez que ficamos tanto tempo no negativo. Se a referência for o trimestre anterior é o quinto negativo seguido, só não foram oito seguidos porque a taxa foi de zero no terceiro trimestre de 2014 e crescemos incríveis 0,1% no quarto trimestre de 2014. No acumulado de quatro trimestres são “apenas” cinco quedas consecutivas. Difícil arrumar um termo melhor que desastre para descrever o que está acontecendo.

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A decomposição da variação do PIB também não é nada animadora. Em relação ao mesmo trimestre do ano anterior a agropecuária caiu 3,7%, a indústria teve queda de 7,3% e os serviços tiveram queda de 4,6%. Se você é um dos que apostam que a desvalorização do real pode salvar a indústria talvez você queira saber que a indústria de transformação teve queda de 10,5% em comparação ao mesmo trimestre de 2015. Como mostra a figura abaixo é maior sequência seguida de quedas na indústria de transformação desde 1996 e em termos de profundidade só perde para a queda que seguiu à crise de 2008. É bem verdade que alguns “defensores da indústria” continuam defendendo a tese de culpa do câmbio, mas eu não ficaria surpreso se vários industriais estiverem saudosos da época do “câmbio valorizado”. Na comparação trimestre a trimestre as quedas foram de 0,3% na agropecuária, 1,2% na indústria e 0,2% nos serviços. A indústria de transformação caiu 0,3% sendo o sexto semestre seguido de queda, desde 1996 é a primeira vez que indústria de transformação tem seis quedas seguidas na comparação com o trimestre anterior.

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Pela ótima da demanda a comparação com o mesmo trimestre do ano anterior mostra queda de 6,3% no consumo das famílias, queda de 1,4% nas despesas de consumo do governo, queda de 17,5% no investimento aumento de 13% nas exportações e queda de 21% nas exportações. Antes de se animar com as exportações vale lembrar exportações e importações vez por outra apresentam grandes variações e que os valores atuais estão próximos aos de 2011 quando a Nova Matriz entrou em cena com a conversa de desvalorizar o câmbio para estimular a indústria. Se nada disso diminuir sua animação talvez seja bom voltar ao parágrafo anterior. A queda nas taxas de investimento e poupança são preocupantes. Na comparação com o trimestre anterior o consumo das famílias caiu 1,7%, as despesas de consumo do governo subiram 1,1%, o investimento caiu 2,7%, as exportações subiram 6,5% e as importações caíram 5,6%. Aqui o destaque é o aumento das despesas de consumo do governo em contraste com a queda no consumo das famílias e do investimento. Tal contraste é um retrato dos três meses de Nelson Barbosa à frente da Fazenda: aumento do gasto público e queda dos gastos privados. Um último ponto de destaque é a informação que o consumo das famílias retrocedeu aos valores de 2011, na prática isso ilustra os anos perdidos de Dilma.

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Roberto Ellery

Roberto Ellery

Roberto Ellery, professor de Economia da Universidade de Brasília (UnB), participa de debate sobre as formas de alterar o atual quadro de baixa taxa de investimento agregado no país e os efeitos em longo prazo das políticas de investimento.

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