Proselitismo Covarde. Ou: a ignorância como arma de doutrinação ideológica

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“Ser ignorante sobre o que aconteceu antes de você nascer… é viver a vida de uma criança para sempre.”  Marcus Tullius Cicero

“Se você controla a história, você controla o passado. Aquele que controla o passado controla o futuro.” George Orwell

O PT não se cansa de nos (eu ia dizer “surpreender”, mas acho que ninguém mais, em sã consciência, consegue ficar surpreso com o que essa gente é capaz) atemorizar com suas barbaridades, sejam elas políticas, econômicas, sociais, culturais ou criminais.

O historiador Marco Antônio Villa faz hoje, no Globo, uma denúncia estarrecedora, que não dá para deixar passar em branco.  O Ministério da Educação lançou uma proposta (consulta pública) para alterar/renovar os currículos do ensino fundamental e médio.  Em seu artigo, Villa comenta sobre aquilo que é a sua seara: o ensino de História.  Mas deixemos que o próprio autor nos diga de que se trata o tal documento, assinado pelo ex-ministro Renato Janine Ribeiro:

No caso do ensino de História, é um duro golpe. Mais ainda: é um crime de lesa-pátria. Vou comentar somente o currículo de História do ensino médio. Foi simplesmente suprimida a História Antiga. Seguindo a vontade dos comissários-educadores do PT, não teremos mais nenhuma aula que trata da Mesopotâmia ou do Egito. Da herança greco-latina os nossos alunos nada saberão. A filosofia grega para que serve? E a democracia ateniense? E a cultura grega? E a herança romana? E o nascimento do cristianismo? E o Império Romano? Isto só para lembrar temas que são essenciais à nossa cultura, à nossa história, à nossa tradição.

Mas os comissários-educadores — e sua sanha anticivilizatória — odeiam também a História Medieval. Afinal, são dez séculos inúteis, presumo. Toda a expansão do cristianismo e seus reflexos na cultura ocidental, o mundo islâmico, as Cruzadas, as transformações econômico-políticas, especialmente a partir do século XI, são desprezadas. O Renascimento — em todas as suas variações — foi simplesmente ignorado. Parece mentira, mas, infelizmente, não é. Mas tem mais: a Revolução Industrial não é citada uma vez sequer, assim como a Revolução Francesa ou as revoluções inglesas do século XVII.

(…)

Mas, afinal, o que os alunos vão estudar? No primeiro ano, “mundos ameríndio, africanos e afro-brasileiros.” Qual objetivo? “Analisar a pluralidade de concepções históricas e cosmológicas de povos africanos, europeus e indígenas relacionados a memórias, mitologias, tradições orais e a outras formas de conhecimento e de transmissão de conhecimento.” E também: “interpretar os movimentos sociais negros e quilombolas no Brasil contemporâneo, estabelecendo relações entre esses movimentos e as trajetórias históricas dessas populações, do século XIX ao século XXI.” Sem esquecer de “valorizar e promover o respeito às culturas africanas, afro-americanas (povos negros das Américas Central e do Sul) e afro-brasileiras, percebendo os diferentes sentidos, significados e representações de ser africano e ser afrobrasileiro.”

No segundo ano — quase uma repetição do primeiro — o estudo é sobre os “mundos americanos.” Objetivo: “analisar a pluralidade de concepções históricas e cosmológicas das sociedades ameríndias a memórias, mitologias, tradições e outras formas de construção e transmissão de conhecimento, tais como as cosmogonias inca, maia, tupi e jê.” Ao imperialismo americano, claro, é dado um destaque especial. Como contraponto, devem ser estudadas as Revoluções Boliviana e Cubana; sim, são exemplos de democracia. E, no caso das ditaduras, a sugestão é analisar o Chile de Pinochet — de Cuba, nem tchum.

No terceiro ano, chegamos aos “mundos europeus e asiáticos.” Se a Guerra Fria foi ignorada, não foi deixado de lado o estudo da migração japonesa para o Paraguai na primeira metade do século XX (?). O panfletarismo fica escancarado quando pretende “problematizar as juventudes, discutindo massificação cultural, consumo e pertencimentos em diversos espaços no Brasil e nos mundos europeus e asiáticos nos séculos XX e XXI.” Ou quando propõe “relacionar as sociedades civis e os movimentos sociais aos processos de participação política nos mundos europeus e asiáticos, nos séculos XX e XXI, comparando-os com o Brasil contemporâneo.”

A princípio, achei que Villa pudesse estar exagerando e fui conferir.  De fato, está tudo lá, sem qualquer exagero.  É estupefaciente!  Villa fala numa revolução cultural que “transformará Mao Tsé-Tung em moderado pedagogo”, e está absolutamente correto.  Passei os olhos na estrovenga completa e a coisa é de fazer cair o queixo – escrita, claro, naquela linguagem empolada, cheia de “transversalidades”, “problemáticas”, “entrecruzamentos”, “pluralidades”, etc. Exceto pelos currículos de matemática e ciências físicas, o troço é puro instrumental didático para operar o proselitismo mais covarde, visando a transformar nossas crianças e adolescentes (indefesos) em completos imbecis – embora bastante politizados (à esquerda, claro).

Esperemos que o grito de Villa seja ouvido pelas pessoas certas e esse tal documento tenha o destino que merece: o lixo.

 

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João Luiz Mauad

João Luiz Mauad

João Luiz Mauad é administrador de empresas formado pela FGV-RJ, profissional liberal (consultor de empresas) e diretor do Instituto Liberal. Escreve para vários periódicos como os jornais O Globo, Zero Hora e Gazeta do Povo.

6 comentários em “Proselitismo Covarde. Ou: a ignorância como arma de doutrinação ideológica

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    10/01/2016 em 1:02 pm
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    Essa proposta do MEC para a alteração do currículo do ensino de História me causou a mais profunda repulsa. Fiquei estarrecido, escandalizado. A capacidade de destruição da esquerda de tudo o que lembra Civilização é inacreditável.
    Eu gostaria de fazer apenas algumas perguntas a esses gênios do MEC que elaboraram esse plano grotesco: que grande contribuição ao desenvolvimento da Humanidade nos deram os povos da América Pré-Colombiana? Esses povos nos legaram algum grande filósofo, como Platão? Algum grande matemático, como Leibnitz? Algum grande naturalista, como Darwin? Algum grande físico, como Einstein? Algum grande inventor, como Graham Bell? Talvez um Louis Pasteur?

    Os povos Ameríndios, quando contactados pelos Europeus no final do Século XV, viviam isolados da civilização há 50 ou 60 mil anos. Viviam no Neolítico. Não conheciam a roda. Praticavam sacrifícios humanos (Incas, Maias, Astecas) e alguns eram canibais (os Tupinambás, por exemplo). É a História desses povos que o MEC quer que nossas crianças aprendam, em detrimento da História da Civilização Ocidental, que é Europeia. O objetivo é claro: transformar as futuras gerações em um exército de lobotomizados a serviço do Grande Irmão.

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    08/01/2016 em 11:03 am
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    Acho que o impulso obscurantista do PT vai ser cada dia mais forte, pelo fracaso do seu parasitismo original e a sua ansia de eternizar no poder. Isto é realmente perigoso. Obrigado pelo artigo.

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    06/01/2016 em 4:11 pm
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    O PT simplesmente segue aquilo que as agências transnacionais (globalistas) determinam. Esse programa educacional não é privilégio das mentes diabólicas da USP et caterva, o programa apresentado por Barack Obama é igual senão mais perverso, o Common Core.Por lá, 28 estados americanos já disseram NÃO ao governo Obama, essa luta será mundial na defesa de que cada cidadão tem o direto de criar e educar seus filhos conforme sua consciência e livre da interferência estatal.

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    06/01/2016 em 8:52 am
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    O fim da ação deletéria do PT não acabará quando a quadrilha for desalojada do poder. Seus tentáculos continuarão agindo no Judiciário, nas escolas, em todos os lugares em que o aparelhamento de sua ideologia fracassada se fez presente. Serão anos de limpeza pela frente…

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      06/01/2016 em 1:40 pm
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      Michel, trabalho em um banco público aqui em Vitória e fico a-pa-vo-ra-do com a mentalidade dos meus colegas de trabalho. A maioria parou nos anos 60. É inacreditável. Você tem toda razão. As consequências desse governo do pt continuará a fazer estragos por muitas décadas.

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      06/01/2016 em 4:10 pm
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      Mas existe um bônus não? Essa turma da esquerda terá o mesmo faniquito que temos hoje. Só que longe do poder e vendo a situação apenas piorar para seu lado. Serão avôs escutando seus netos citarem petralhas, condenando o lulo petismo, o bolivarianismo… metendo o pau em fudel ( de propósito ). Ahhh.. se tivesse certeza disso acontecer, e nenhum amor pelos que estudam hoje, diria que quase compensa o perrengue que passamos atualmente. É ótimo ver ditadores contrariados indo pro túmulo no esquecimento!

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